quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Santa Teresinha fala sobre sua Primeira Comunhão


Raiou, enfim, o "mais belo de todos os dias". Quão inefáveis não são as recordações que na alma me deixaram as mínimas circunstâncias dessa data do Céu!... A alegre alvorada, os respeitosos e afetuosos ósculos das mestras e das colegas maiores... O salão nobre, repleto de tufos cor de neve, com os quais cada criança se via adornada por sua vez... Acima de tudo, a entrada na Capela e a entoação matinal do lindo cântico: "O Santo Altar, que de Anjos sois rodeado!"

Não quero, contudo, descer a pormenores. Coisas há que perdem a fragrância, quando expostas ao ar. Existem pensamentos da alma que não se podem traduzir em linguagem terrena, sem perderem o sentido autêntico e celestial. São como a "pedrinha branca que se dará ao vencedor, sobre a qual está escrito um nome, que ninguém CONHECE, senão QUEM a recebe. (Ap 2,17). Ah! como foi afetuoso o primeiro ósculo de Jesus à minha alma!...

Foi um ósculo de amor. Sentia-me amada, e de minha parte dizia: "Amo-vos, entrego-me a Vós para sempre". Não houve pedidos, nem porfias, nem sacrifícios. Desde muito, Jesus e a pobre Teresinha se tinham olhado e compreendido. Naquele dia, porém, já não era um olhar, era uma fusão. Já não eram dois, Teresa desvanecera, como a gota de água que se dilui no bojo do oceano. Ficava só Jesus, era Ele o Senhor, o Rei. Teresa pedira-lhe tirasse sua liberdade, pois sua liberdade lhe fazia medo. Sentia-se tão fraca, tão frágil, que desejava permanecer para sempre unida à Força Divina!... Sua alegria era grande demais, era profunda demais, para que a pudesse represar. Não tardou em debulhar-se em deliciosas lágrimas, com grande espanto das colegas que, mais tarde, diziam entre si: "Por que será que chorou? Sentiria algo que a acabrunhasse?... Não será, antes, por não ver junto a si a própria mãe ou a irmã, que é carmelita, a quem tanto ama?" - Não compreendiam que, ao descer a um coração toda a alegria do Céu, não a pode suportar um coração banido, sem derramar lágrimas... Oh! não! A ausência de Mamãe não me contristava no dia de minha Primeira Comunhão. Não estava o Céu dentro de mim, e nele não tinha Mamãe desde muito tomado lugar? Desta forma, quando recebi a visita de Jesus, recebi também a de minha querida Mãe, que me abençoava e se regozijava com minha felicidade...

Não chorava, outrossim, a ausência de Paulina. Sem dúvida alguma, ficaria contente, se a visse ao meu lado, mas desde muito meu sacrifício estava aceito. Nessa data, meu coração se encheu só de alegria. Uni-me a ela, que irrevogavelmente se dava Àquele que tão amorosamente se dava a mim!...


Sta Teresinha de Lisieux, História de Uma Alma
Créditos ao blog: anjosdeadoracao.blogspot.com.br

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