Sabedoria, pois, senhoras, sabedoria na escolha de tudo quanto comunicardes á vossa casa, e, sobretudo, a vossa família. Consideravit agrum. Sabeis examinar, pesar e medir tudo.
Evitai também as conversações do lar doméstico, em que o pai e a mãe se permitem explicações mais que transparentes, ora sob o império de uma indesculpável distração, ora sob o pretexto de que os filhos não compreenderam, nem prestam nenhuma atenção ao que se diz. Consultai as pessoas que têm educado a mocidade e elas vos dirão que crianças de quatro anos ou cinco, têm a inteligência extraordinariamente desenvolvida, sobretudo, quando se trata de compreenderem o mal; a experiência mostra todos os dias, coisas deploráveis nesta matéria. Se contar diante de crianças crônicas mais ou menos escandalosas; envolvendo a narração com véus, com metáforas e embalando-vos na doce e triste ilusão de que vossos filhos não compreenderam nada. Mais tarde espantar-vos-eis ao saberdes tudo quanto tiver crescido em seu coração, e o primeiro gérmen desta árvore de maldição, terá sido a conservação a meia voz, permitida diante deles; o entretenimento a que assistiram na vossa presença, e na casa aonde os tendes conduzindo imprudentemente. A palavra, a conversação, o segredo, o sorriso, abrir-lhes-ão os maus gérmens que se acham no coração de todos os filhos de Adão, e, sem que o penseis, tereis assim preparado um triste futuro à vossos filhos. Ah! Porque é necessário que parentes cristãos esqueçam tantas vezes está máxima do poeta latino: “não se sabe demasiadamente respeitar a inocência de uma criança; se quereis ferir o pudor, não desprezeis a tenra idade, mas que o pensamento da infância se levante diante de vós, para deter a palavra ou a má ação.”
Maxima debetur puero reverentia. Si quid Turpe paras, ne tu pueri contempseris annos; Sed peccaturo obstet tibi filius infants. (Juvebal, Sat. 14.)
Dir-vos-ei ainda que vigieis os jornais, os folhetins, os romances! Não deixeis entrar em vossa casa coisa que possa conter veneno; vossos filhos estariam expostos a tomá-lo no momento em que volvêsseis as costas. Arrancai os maus livros da vossa biblioteca; e se possuis alguma obra que a vossa idade ou condições especiais vos autorize a conservar, então fechai-os. Eu conheci crianças de excelentes famílias, perdidas assim, pelos livros deixados imprudentemente nas mesas de uma livraria sempre aberta. As crianças, senhoras, têm o instinto do mal, em maior grau ainda do que a idéia do bem, e têm o olfato de certas coisas, sobretudo, quando o seu espírito foi despertado sobre tal ponto, porque então querem ir até ao fim, e Deus sabe através de que silvas e de que espinhos!
Não podereis tomar muitas precauções: nada de minúcias e de espionagem, mas uma séria atenção; e se me acusais de vãos escrúpulos, e de preocupações excessivas, serei obrigado a concluir que, não conheceis bem o coração da mocidade.
Se puserdes em prática os conselhos que acabo de dar-vos, nenhum dos interesses da vossa família será desprezado: provereis a tudo, e a vossa casa tornar-se-vos-á, e a vossos filhos, uma fonte de todos os bens. Ora, bem o sabeis quando se faz á fonte um largo canal, ela engrandece e jorra com profusão; a água brota debaixo com uma abundancia sempre nova, sobe, estende-se e converte-se em um grande rio. Do mesmo modo se tornará a vossa casa, e eu desejo vivamente que de cada uma das vossas famílias, e de todos os seus interesses materiais e espirituais se possa dizer com os
nossos Livros Santos: - A pequena fonte transformou-se em grande rio, e derramou por toda a parte as suas largas e fecundas águas: Fons parvus crevit in fluvium maximum, et in aquas plurimas redundavit (Ester, XI,10)
Retirado do Livro: A Mulher Forte.
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