– Levantar cedo – é hábito precioso, indispensável à mãe de família. Procura-lhe a vantagem de ter muito tempo de folga antes do almoço para seus exercícios de piedade, para percorrer a casa, a ver se está tudo em ordem, se foram bem exexutadas suas ordens da véspera. Dá-lhe tempo para assear e vestir os filhos, repartir os trabalhos e tomar todas as providências necessárias.
– Seguir uma economia discreta – encanta o marido e educa os filhos e conserva as coisas. Partidária de tal economia, a mãe de família nada deixa perder, nada estraga; conserta, remenda, aproveita, zela, arrecada, guarda em boa ordem tudo, de modo que, quando é preciso, tem à mão o que quer, sem perder tempo e paciência em procuras inúteis.
Ela sabe que tudo tem serventia, e que não se deve desperdiçar a menor parcela do dom de Deus, como diz a Escritura (Ecli 14,14). Sabe que pequenas despesas inúteis fazem, afinal, a ruína e que vintens poupados dão, ao cabo de algum tempo, centenas de mil réis. Assim, por seu trabalho e economia, aumenta, como abelha solícita, os recursos da família, e até vale ao marido nos dias de maior apuro, não falando dos pobres de quem é a providência visível.
Todos a louvam por trazer tudo em casa muito poupado, em grande ordem, asseio e lustre, evitando luxos e vaidades, contentando-se de modesta simplicidade, de forma a ser o menos onerosa possível a seu marido.
Infelizmente não imitam todas este seu exemplo. O gosto do luxo, das despesas supérfluas como as modas e enfeites, abre o abismo da ruína para muitas casas. Os maridos não têm coragem de resistir a importunas solicitações e se endividam. Endividade, que sossego, que alegria, que gosto mais podem ter? De que serve este luxo e esta vaidade, ó mulher frívola?
“Se ostentas em ouro aos olhos de teu marido, diz São João Crisóstomo, enquanto o coração dele está magoado, que fruto, que vantagens tiras tu daí? Encontre-se a mulher primorosamente vestida e mais ornada, ninguém nisso achará prazer, se tem o coração na aflição e na tristeza. Para nos regozijarmos com uma coisa, é mister estar alegre, é mister ter o coração contente. Ora, se todo o dinheiro é despendido em enfeitar o corpo da mulher, haverá vexame e penúria em casa e o marido não poderá saborear nem alegria nem satisfação.
Se queres agradar ao teu, esmera-te em dar-lhe gosto e lho darás, cortando enfeites supérfluos. Estas coisas parecem dar algum gosto nos primeiros dias das bodas, mas, pouco tempo depois, tornam-se sensaborosas e sem valia… Eu digo isto, conclue o santo doutor, porque desejo que vos enfeiteis com os adereços que São Paulo vos recomenda: Não com adereços de ouro, nem com pérolas, nem com vestidos suntuosos; mas com boas ações, como convém a senhoras que fazem profissão de piedade“.
– Ter o diário das despesas – Vários desarranjos e complicações evitam-se com isso. O diário informa a dona de casa sobre o estado financeiro da família, para trazer sempre em equilíbrio a receita com a despesa, ver os lucros realizáveis, evitar gastos inúteis e satisfazer assim as condições de uma boa e inteligente aministração.
Fénelon propõe com muita sabedoria que as mães acostumem cedo as filhas a este bom governo doméstico. Observa que a prova de confiança com que as honra, encarregando-as de alguma coisa com a condição de prestar contas, lhe dá grandes estímulos e gostos.
Até aqui fala d. Macedo Costa, livremente citado no seu Livro da família… Para tua orientação, leitora, divide tuas contas da seguinte forma:
Habitação – aluguel, consertos e enfeites.
Mobílias – compras indispensáveis, reparos necessários.
Alimentação – é um capítulo elástico, mas seria cálculo errado diminuí-la com sacrifício da saúde e bem estar dos filhos.
Vestidos – cuidado com as compras, com a conservação, limpeza e reforma das peças dos vestidos, etc.
Educação – escolas, divertimentos, obras de caridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário