in Livro II, caps. 5-6
quinta-feira, 27 de abril de 2023
A cegueira interior - Imitação de Cristo
in Livro II, caps. 5-6
quarta-feira, 26 de abril de 2023
O Sacerdote segundo São João Maria Vianney
sábado, 22 de abril de 2023
Jesus, o bom Pastor
Meditação para o 3º Domingo depois da Páscoa
Ego sum pastor bonus. Bonus pastor animam suam dat pro ovibus suis – “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11)
Sumário. O ofício de um bom pastor não é outro senão guiar as suas ovelhas para bons pastos e defendê-las contra os lobos. Mas, ó meu dulcíssimo Redentor, que pastor levou jamais a sua bondade tão longe como Vós, que quisestes dar a vida por nós, vossas ovelhas, e nos livrastes dos castigos merecidos? Não satisfeito com isso, quisestes ainda, depois da morte, deixar-nos o vosso corpo na santa Eucaristia, para sustento de nossas almas. Quem, pois, não Vos amará com todo o afeto? Mas infelizmente muitos Vos pagam com a mais negra ingratidão..
I. Assim diz Jesus Cristo mesmo no Evangelho deste dia: Ego sum pastor bonus — “Eu sou o bom pastor”. O ofício de um bom pastor não é outro senão guiar as suas ovelhas para bons pastos e defendê-las contra os lobos. Mas, ó meu dulcíssimo Redentor, que pastor levou jamais a sua bondade tão longe como Vós, que quisestes dar o vosso sangue e a vida para salvar as vossas ovelhas, que somos nós, e livrar-nos dos castigos merecidos? Vós mesmo, diz São Pedro, levastes os nossos pecados em vosso corpo pregado na cruz, a fim de que, mortos para o pecado, vivamos para a justiça: pelas vossas chagas fomos curados: Cuius livore sanati estis (1). Para nos curar de nossos males, este bom Pastor tomou a si todas as nossas dívidas e pagou-as com o seu próprio corpo, morrendo de dor sobre a cruz.
Este excesso de amor de Jesus para conosco, as suas ovelhas, fazia Santo Inácio Mártir arder do desejo de dar a vida por Jesus Cristo, dizendo, assim como se lê numa carta sua: Amor meus crucifixus est — “O meu amor foi crucificado.” Quis o santo dizer: Como! Meu Deus quis morrer crucificado por meu amor, e eu poderei viver sem desejo de morrer por Ele? – Com efeito, que grande coisa fizeram os mártires dando a vida por Jesus Cristo, que morreu por amor deles! Ah! A morte que Jesus Cristo padeceu por eles, suavizava-lhes todos os tormentos, os açoites, os cavaletes, as unhas de ferro, as fogueiras e as mortes mais dolorosas.
Não se contentou, porém, o nosso bom Pastor com dar a vida pelas suas ovelhas; ainda depois de sua morte quis deixar-lhes na santíssima Eucaristia o seu próprio corpo, já sacrificado uma vez na cruz, a fim de que fosse o alimento e sustento das suas almas. O ardente amor que nos dedicava, diz São João Crisóstomo, levou-O a unir-se a nós e fazer-se uma coisa conosco: Semetipsum nobis immiscuit, ut unum quid simus.
II. “O mercenário”, assim continua o Evangelho, “e o que não é pastor, vê o lobo vindo e deixa as ovelhas e foge; e o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas.” Não é assim que faz Jesus Cristo, o bom pastor, ou antes o melhor de todos os pastores. Cada vez que vê as suas ovelhas assaltadas pelo lobo infernal e estas lhe bradam por socorro, logo acode a defendê-las e a combater por elas.
Quando vê uma ovelha tresmalhada, que não faz? Quantos meios não emprega para reavê-las? Jesus Cristo não deixa de buscá-la enquanto não a achar. E depois de a achar, a põe contente sobre seus ombros, chama aos seus amigos e vizinhos (isto é, os Anjos e os Santos), e convida-os a alegrarem-se com Ele, por ter achado a ovelha que se tinha perdido: Congratulamini mihi, quia inveni ovem meam quae perierat (2) — Quem, pois, não amará com todo o afeto a este bom Senhor, que se mostra tão amoroso mesmo para com os pecadores que lhe viraram as costas e quiseram voluntariamente perder-se?
Ah, meu amável Salvador! Eis aqui a vossos pés uma ovelha perdida: afastei-me de Vós, mas Vós não me abandonastes; fizestes todo o empenho para me reaver. Que seria de mim, se Vós não tivésseis pensado em me buscar? Ai de mim, que passei tanto tempo longe de Vós! Pela vossa misericórdia espero agora estar na vossa graça. Se outrora fugia de Vós, já não desejo outra coisa senão amar-Vos e viver e morrer abraçado aos vossos pés. Mas enquanto vivo, estou em perigo de Vos abandonar. Por piedade, prendei-me com os laços de vosso santo amor e não permitais que em tempo algum eu me desprenda de Vós.
— “Ó Pai Eterno, que pela humilhação de vosso Filho levantastes o mundo prostrado, concedei-me alegria perpétua, para que, assim como me livrastes da morte eterna, me façais gozar dos prazeres eternos.”(3) Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo e de Maria Santíssima, minha querida Mãe.
Referências:
(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 37-39)
Um santo monge explica o que é a oração
domingo, 16 de abril de 2023
Só em Deus se acha a verdadeira paz
Tire o maior proveito desta Meditação seguindo os passos
para se fazer a Oração Mental proposta por Santo Afonso!
Meditação para o 2º Domingo depois da Páscoa
Venit Iesus, et stetit in medio, et dixit eis: Pax vobis – “Veio Jesus, e pôs-se no meio e disse-lhes: A paz seja convosco” (Jo 20, 9)
Sumário. Assim é: só em Deus se acha a verdadeira paz; porque, tendo Deus criado o homem para si, o Bem infinito, só Ele pode fazê-lo contente. Quem quiser gozar esta paz, deve repelir de seu coração tudo que não seja Deus, que feche as portas dos sentidos a todas as criaturas e viva como que morto aos afetos terrestres. É isto exatamente o que o Senhor quis dar a entender aos apóstolos, quando, aparecendo para lhes anunciar a paz, quis ambas as vezes entrar aonde estavam os apóstolos, estando as portas fechadas..
I. Refere São João que, achando-se os apóstolos juntos numa casa, Jesus Cristo ressuscitado entrou ali, posto que as portas estivessem fechadas, e pondo-se no meio, disse-lhes duas vezes: A paz seja convosco. Repetiu as mesmas palavras oito dias depois, aparecendo-lhes mais uma vez, estando fechadas as portas. Pax vobis — “A paz seja convosco”. — Com estas palavras quis Jesus Cristo dar-nos a entender “que Ele é a nossa paz; Ele que dos dois fez um, desfazendo em sua carne, com o sacrifício de sua vida, o inconsistente muro de separação, as inimizades”. (1)
Com efeito: só em Deus se acha a verdadeira paz; porque, tendo Deus criado o homem para si mesmo, o Bem infinito, só Ele pode plenamente satisfazê-lo. Delectare in Domino, et dabit tibi petitiones cordis tui (2) — “Deleita-te no Senhor, e te outorgará as petições de teu coração”. Quando alguém acha as suas delícias só em Deus e não busca coisa alguma fora d’Ele, Deus cuidará em satisfazer-lhe todos os desejos do coração.
Insensatos portanto são aqueles que dizem: Bem-aventurado o que pode gastar dinheiro à vontade! Que pode mandar nos outros! Que pode gozar os prazeres que deseja. Loucura! Bem-aventurado é somente o que ama a Deus, o que diz deveras que Deus só lhe basta. A experiência demonstra bem patentemente, que muitos dos que o mundo chama felizes, por grandes que sejam as suas riquezas e altas as suas dignidades, todavia levam vida infeliz, nunca estão contentes, jamais gozam um dia de verdadeira paz. Ao contrário, tantos bons religiosos que vivem num deserto ou numa gruta, sujeitos a enfermidades, à fome, ao frio, estão contentes e exultam de alegria. E porque? Porque eles só se ocupam com Deus, Deus os consola. Ah! A paz que o Senhor faz provar a quem O ama, está acima de todas as delícias que o mundo pode dar! Pax Dei quae exsuperat omnem sensum (3).
II. Gustate et videte, quoniam suavis est Dominus (4) — “Provai e vede quão suave é o Senhor”. Ah, mundanos! Exclama o Profeta, porque desprezais a vida dos santos, sem que a tenhais experimentado? Experimentai-a uma só vez: afastai-vos do mundo, dai-vos a Deus, e vereis quanto melhor sabe Ele consolar-vos do que todas as grandezas e delícias que andais procurando para vossa perdição. — Verdade é que também os santos sofrem na vida presente grandes tribulações; mas com a resignação à vontade de Deus, nunca perdem a paz. Numa palavra, eles estão acima das adversidades e vicissitudes deste mundo, e por isso vivem sempre numa tranquilidade imperturbável.
Mas quem quiser estar sempre unido com Deus e gozar continua paz, deve banir do coração tudo que não seja Deus, guardar as portas dos sentidos fechadas a todas as criaturas e viver como que morto aos afetos terrestres. É exatamente o que o Senhor quis dar a entender, quando, na aparição aos apóstolos, entrou duas vezes, como narra o Evangelho, estando fechadas as portas: cum fores essent clausae. “Em sentido místico”, explica Santo Tomás, “devemos aprender disso que Jesus Cristo não entra em nossas almas enquanto não tivermos fechado as portas dos sentidos.”
Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, ajudai-me a romper todos os laços que me prendem ao mundo. Fazei com que eu não pense em outra coisa senão em Vos agradar. Felizes daqueles a quem só Vós bastais! Senhor, dai-me a graça de não buscar nada fora de Vós e de não desejar senão o vosso amor. Por vosso amor renuncio também as consolações espirituais. Nada mais desejo senão cumprir a vossa vontade e dar-Vos gosto. “Fazei, ó Deus todo poderoso, com que havendo concluído a celebração das festas pascais, pela vossa graça conserve, na vida e costumes, o espírito das mesmas.” (5)
— Ó Mãe de Deus, Maria, recomendai-me a vosso Filho, que não vos nega nada.
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 19-21)
sexta-feira, 14 de abril de 2023
Conformidade com a vontade de Deus a exemplo de Jesus Cristo
Descendi de coelo, non ut faciam voluntatem meam, sed voluntatem eius qui misit me – “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6, 38)
Sumário. É tão agradável a Deus o sacrifício da nossa própria vontade, que Jesus Cristo desceu sobre a terra para nos ensinar a maneira de o fazer e em toda a sua vida não fez outra coisa senão dar-nos disso as mais sublimes lições com as suas palavras e com os seus exemplos. Eis, portanto, o que devemos ter em mira em todas as nossas ações: conformar a nossa vontade com a divina, especialmente no que mais repugna ao amor próprio. Vale mais um Bendito seja Deus, dito nas adversidades, do que mil agradecimentos na prosperidade.
I. É certo que a nossa salvação consiste em amar a Deus, nosso supremo Bem; porque a alma que não O ama, já não vive, mas está morta (1). A perfeição, porém, do amor consiste em conformar a nossa vontade com a divina; pois que, como diz o Aeropagita, o efeito principal do amor é unir as vontades dos que se amam, de sorte que não tenham senão um só coração e uma só vontade.
É isto o que antes de mais nada com as suas palavras e com os seus exemplos veio ensinar-nos Jesus Cristo, que nos foi dado por Deus tanto para ser nosso Salvador como nosso modelo. Pelo que o Apóstolo escreve que as primeiras palavras de Jesus, ao entrar no mundo, foram estas: Ecce venio ut faciam, Deus, voluntatem tuam (2) — “Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade”. Meu Deus, recusastes as hóstias e oblações dos homens; não Vos agradaram os holocaustos que Vos ofereciam pelos seus pecados. Quereis que Vos sacrifique morrendo este meu corpo, que Vós mesmo me haveis dado. Eis-me aqui, Senhor, estou pronto para fazer a vossa santíssima vontade.
No correr de sua vida, Jesus Cristo tem manifestado diversas vezes a sua submissão e conformidade de vontade, dizendo: Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, senão a d’Aquele que me enviou. Quis que conhecêssemos o grande amor a seu Pai pelo ver ir à morte por obediência à vontade d’Este. Por isso disse aos apóstolos: Para que conheça o mundo que amo ao Pai, e assim como me ordenou o Pai, assim faço: Levantai-vos; vamo-nos d´aqui (3).
Depois no horto de Getsêmani, parece que o Senhor, opresso pelo temor, pelo aborrecimento e pela tristeza, não sabe fazer outra oração senão esta: Meu Pai, não seja como eu quero, mas sim como Tu (4). Meu Pai, se não pode passar este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade (5). — Numa palavra, é tão grande a excelência da conformidade com a vontade de Deus, e Jesus Cristo exige tão rigorosamente que a pratiquemos, que protesta ter por seus discípulos somente aqueles que cumprem a vontade divina (6).
II. Se agrada tanto o Deus o sacrifício de nossa vontade, que enviou à terra seu próprio Filho para nos ensinar a maneira de a sacrificarmos, tinha razão o santo abade Nilo de dizer que nas nossas orações não devemos pedir a Deus que faça o que nós queremos, mas que nos dê a graça para bem fazermos o que Ele quer. — É a isso que se devem dirigir todos os nossos desejos, devoções, meditações e comunhões: o cumprimento da vontade divina, especialmente naquilo que repugna mais ao nosso amor próprio. Lembremo-nos sempre do que costumava dizer o Bem-aventurado João de Ávila: Um só Bendito seja Deus, nas adversidades, vale mais do que mil agradecimentos na prosperidade.
Toda a minha desgraça, ó meu Deus, foi não querer sujeitar-me no passado à vossa santa vontade. Detesto e amaldiçôo mil vezes esses dias e momentos em que, para seguir a minha vontade, me opus à vossa, ó Deus de minha alma. Eu Vô-la consagro agora sem reserva e quero unir esta minha oferta à que vosso divino Filho fez de si mesmo e continua a fazer sobre os nossos altares. Recebei-a, ó meu Senhor, e ligai-me de tal modo ao vosso amor, que nunca mais me possa revoltar contra Vós.
Amo-Vos, bondade infinita, e pelo amor que Vos tenho me ofereço todo a Vós. Disponde de mim, e de tudo o que me pertence, como Vos aprouver. Resigno-me em tudo à vossa divina vontade. Preservai-me da desgraça de contrariar as vossas disposições, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade. Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, atendei-me. Meu Jesus, escutai-me pelos merecimentos da vossa Paixão. E vós, o Maria Santíssima, ajudai-me; obtende-me a graça de executar a vontade divina, na qual consiste toda a minha salvação e nada mais de vós desejo.
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 14-17)
quinta-feira, 13 de abril de 2023
Da Comunhão Sacrílega
Qui manducat et bibit indigne, iudicium sibi manducat et bibit, non diiudicans corpus Domini – “O que come e bebe indignamente, come e bebe para si a condenação, não fazendo discernimento do corpo do Senhor” (1Cor 11, 29)
Sumário. Antes de te aproximares da Mesa eucarística, examina sempre a tua consciência, e se por desgraça tiveres remorso de alguma falta grave, purifica a tua alma pela confissão sacramental. Quanto às culpas veniais, esforça-te por tirá-las de tua alma, ao menos as que forem deliberadas, e afasta de ti tudo o que não seja Deus. Ai daquele que comunga indignamente! Torna-se réu do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, e portanto come-O e bebe-O para a sua própria condenação.
I. Consideremos o enorme pecado que comete aquele que se atreve a chegar-se à sagrada mesa com pecado mortal na alma. Este pecado é tão enorme, que São João Crisóstomo, comparando-lhe todos os demais, não acha outro igual, e diz que quem o comete, especialmente sendo sacerdote, é muito pior do que o próprio demônio: Multo daemonio peior est qui, peccati conscius, accedit ad altare. São Pedro Damião explica a razão dizendo: “Se com os outros pecados ofendemos a Deus em suas criaturas, com este ofendemo-Lo em sua própria pessoa.”
Que dirias do perverso que tirando a sacrossanta Hóstia da Âmbula sagrada, a atirasse a um vil monturo? Pior do que isso, diz São Vicente Ferrer, faz aquele que tem a ousadia de comungar sacrilegamente; porque, de certo modo, atenta contra o corpo de Jesus Cristo, obriga esta vítima inocente a morar em seu coração cheio de corrupção, entrega o Cordeiro imaculado nas mãos dos demônios que o insultam da mais horrenda maneira.
Pelo que Santo Agostinho compara os sacrílegos aos pérfidos Judeus, que crucificaram o nosso Redentor. Com esta diferença, porém: que os Judeus crucificaram ao Senhor da glória enquanto era terrestre e mortal, e os sacrílegos crucificam-No agora que reina no céu; aqueles só uma vez se atreveram a crucificá-Lo, estes renovam o deicídio freqüentes vezes; aqueles se tinham declarado inimigos figadais de Cristo, estes traem-No ao mesmo tempo que, pelo menos exteriormente, O reconhecem por seu Deus, simulando reverência e devoção, e imitando a Judas, abusam do sinal de paz: Osculo Filium hominis tradis (1) — “Com um beijo entregas o Filho do homem”.
É disso que Jesus se queixa sobretudo, pela boca de Davi: Si inimicus meus maledixisset mihi, sustimissem utique (2). Se um inimigo, parece dizer Jesus Cristo, me tivesse ultrajado, eu o suportaria com menos pena; mas tu, meu íntimo, meu ministro e príncipe entre o povo; tu, a quem dei tantas vezes a minha carne para sustento: tu me vendes ao demônio por um capricho, por uma vil satisfação, por um punhado de terra?
II. Mas ai do sacrílego! Ai de quem tem a ousadia de tornar-se réu do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, chegando-se indignamente à Mesa sagrada! Falando o Senhor com Santa Brígida a respeito daqueles infelizes, repetiu-lhe as palavras proferidas com relação ao pérfido Judas: Bonum erat ei, si natus non fuisset homo ille (3) — Seria melhor para eles se nunca houvessem nascido. Sim, porque, como diz São Paulo: “Quem come este pão e bebe este cálice do Senhor indignamente, come-O e bebe-O para sua própria condenação: iudicium sibi manducat et bibit.”
Meu irmão, a fim de que não te suceda tamanha desgraça, segue o aviso do mesmo Apóstolo: Probet autem seipsum homo (4) — “Examine-se, pois, a si mesmo o homem”. Examina a tua conduta, e se a consciência te acusar de alguma grave culpa, purifica-a por meio de uma boa Confissão sacramental, antes de tomar o alimento da vida eterna. — Quanto às culpas veniais, deves tirar da alma ao menos as cometidas deliberadamente e expulsar do coração tudo que não é Deus. É o que, na interpretação de São Bernardo, significam as palavras que Jesus Cristo disse aos apóstolos, antes de lhes dar a comunhão na última ceia: Qui lotus est non indiget nisi ut pedes lavet (5) — “Aquele que está lavado, não tem necessidade de lavar senão os pés”.
Meu dulcíssimo Jesus, oh! Pudesse eu lavar com minhas lágrimas, e até com meu sangue, as almas infelizes em que o vosso amor é tão ultrajado no santíssimo Sacramento! Oh, pudesse fazer com que todos os homens se abrasem em vosso amor! Mas, se isto não me é concedido, desejo ao menos, Senhor, e proponho visitar-Vos muitas vezes e receber-Vos em meu coração, para Vos adorar, como de presente o faço, em reparação dos desprezos que recebeis dos homens neste diviníssimo mistério. Ó Pai Eterno, acolhei esta fraca homenagem que hoje Vos rende o mais miserável dos homens, em reparação das injúrias feitas a vosso divino Filho sacramentado; acolhei-a unida com a honra infinita que Jesus Cristo Vos deu sobre a Cruz e Vos dá ainda todos os dias no santíssimo Sacramento. E vós, minha Mãe Maria, obtende-me a santa perseverança.
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 11-14)
quarta-feira, 12 de abril de 2023
Necessidade da perseverança
Qui autem perseveraverit usque in finem, hic salvus erit – “Quem perseverar até o fim, será salvo” (Mt 24, 13)
Sumário. Meu irmão, puseste agora mãos à obra; começaste a viver bem. Dá por isso graças ao Senhor. Lembra-te, porém, que ao que começa a recompensa é apenas prometida, mas é dada somente ao que persevera até ao fim. Quantos começarem bem, talvez melhor do que tu, mas depois acabaram mal e agora ardem no inferno! Para obteres a perseverança, deves em primeiro lugar pedi-la a Deus, e de teu lado deves empregar os meios mais apropriados.
I. São muitos os que começam, diz São Jerônimo, mas são poucos os que perseveram. Um Saul, um Judas, um Tertuliano começaram bem, mas acabaram mal, porque não perseveram no bem. Devemos saber, continua o mesmo Santo, que Deus não pede somente o começo de vida boa, mas quer também o fim: o fim é que alcançará a recompensa. — Diz São Boaventura que a coroa se dá somente à perseverança: Sola perseverantia coronatur. Pelo que São Lourenço Justiniani chama a perseverança porta do céu: coeli ianuam. Ora, não poderá entrar no paraíso quem não der com a porta.
Agora, meu irmão, abandonaste o pecado, e crês com razão ter recebido o perdão. És, pois, amigo de Deus; sabe todavia que não estás ainda salvo. E quando estarás salvo? Quando tiveres perseverado até ao fim: Que perseveraverit usque in finem, hic salvus erit. Começaste a viver bem: agradece-o ao Senhor; mas avisa-te São Bernardo que a recompensa celeste é somente prometida ao que principia, mas é somente dada ao que persevera. Não basta olhar só ao fim: é preciso ir após ele até alcançá-lo, segundo a expressão do Apóstolo: Sic currite, ut comprehendatis (1) — “Correi de tal modo que o alcanceis”.
Já meteste a mão ao arado, principiaste a viver bem; mas agora, mais do que nunca, teme e treme: “Empenhai-vos na obra de vossa salvação com temor e tremor” (2), diz o Apóstolo. E por quê? Porque se olhares para trás — o que não permita Deus! — e voltares para a vida de pecado, Deus te declarará excluído do céu: Nemo mittens manum ad aratrum et respiciens retro, aptus est regno Dei (3) — “Nenhum que mete a sua mão ao arado e olha para trás é apto para o reino de Deus”.
II. A perseverança tão necessária para a salvação é um dom todo gratuito de Deus, que nós nunca podemos merecer. Mas, como ensina Santo Agostinho, obtê-la-ão da misericórdia divina todos os que lh’a pedem e por seu lado empregam os meios próprios para levar uma vida bem ordenada.
— Se queres perseverar e salvar-te, frequenta os santíssimos Sacramentos; faze todos os dias uma meditação e ouve uma santa missa; visita todos os dias a Jesus sacramentado e examina a tua consciência. Tem sobretudo grande devoção a Nossa Senhora, que se chama a Mãe da perseverança. Consagra-te também muitas vezes inteiramente ao Senhor, e dize-Lhe com ternura, especialmente de manhã, antes de te dares às ocupações:
† “Ó Deus eterno, eis-me aqui prostrado em presença de vossa infinita majestade, e adorando-Vos humildemente, consagro-Vos todos os meus pensamentos, palavras e obras deste dia, e tenho tensão de fazer tudo por vosso amor, para vossa glória, para cumprir a vossa divina vontade, para Vos servir, louvar, e bendizer, para ser iluminado acerca dos mistérios de nossa santa fé, para assegurar a minha salvação e esperar na vossa misericórdia, para satisfazer à vossa divina justiça pelos meus muitos e gravíssimos pecados, em sufrágio das almas santas do purgatório e para obter para todos os pecadores a graça de uma verdadeira conversão.
“Numa palavra, tenho a intenção de fazer tudo em união com as intenções puríssimas que em sua vida tiveram Jesus e Maria, todos os santos do céu e todos os justos da terra. Quisera que me fosse possível assinar esta minha intenção com o meu próprio sangue e repeti-la a cada instante tantas vezes, quantos são os instantes de toda a eternidade. Recebei, ó meu Deus amado, esta minha boa vontade; dai-me a vossa santa bênção com a graça eficaz de nunca cometer um pecado mortal em toda a minha vida, e particularmente neste dia, no qual desejo e tenciono ganhar todas as indulgências que possa ganhar, e assistir a todas as missas que hoje vão ser celebradas no mundo inteiro, aplicando-as todas em sufrágio das almas santas do purgatório, a fim de que sejam livradas daquelas penas. Assim seja.” (4)
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 9-11)
terça-feira, 11 de abril de 2023
No céu goza-se uma felicidade perfeita
Satiabor cum apparuerit gloria tua – “Saciar-me-ei, quando aparecer a tua glória” (Sl 16, 15)
Sumário. Posto que no mundo se encontrem muitas coisas formosas, não são, todavia perfeitas, e sempre deixam alguma coisa para desejar. Se, porém, tivermos a ventura de entrar no céu, o nosso coração estará perfeitamente satisfeito nessa ditosa pátria. Ali nada haverá que possa desagradar, e haverá tudo aquilo que se possa desejar. Ah, meu Jesus! Peço-Vos o céu, não tanto para Vos gozar, como para Vos amar de todo o coração.
I. São Bernardo, falando do paraíso, diz: Ó homem, se queres saber o que seja a pátria bem-aventurada, fica sabendo que ali nada há que desagrade, e que se encontra tudo aquilo que se possa desejar; Nihil est quod nolis; totum est quod velis. — Se bem que nesta terra haja alguma coisa que agrada aos nossos sentidos, quantas coisas não há que afligem? Se agrada a luz do dia, aflige a escuridão da noite. Se agradam a amenidade da primavera, a abundância do outono, afligem o frio do inverno e o calor do verão. Acrescentai a isso os sofrimentos na enfermidade, as perseguições da parte dos homens, as privações da pobreza. Acrescentai as angústias interiores, os temores, as tentações dos demônios, as dúvidas da consciência, a incerteza da salvação.
Mas quando os bem-aventurados entram no céu, não terão mais nada a sofrer: Absterget Deus omnem lacrimam ab oculis eorum (1). Deus enxugará de seus olhos todas as lágrimas derramadas sobre a terra; e não haverá mais morte, nem luto, nem clamor, nem mais haverá dor; porquanto as coisas d’outrora desapareceram. — No céu não há doença, nem pobreza, nem incômodos. Deixam de existir a alternação dos dias e das noites, do frio e do calor; é um dia perpétuo e sempre sereno, uma primavera contínua e sempre deliciosa. Ali não há perseguições, nem ciúmes; neste reino de amor, todos os habitantes se amam mútua e ternamente e cada qual goza da ventura dos outros, como se fosse a própria. Não há receios, porque a alma confirmada na graça já não pode pecar; nem perder a seu Deus.
Ó meu Jesus, pelo sangue que derramastes por mim, fazei-me digno de entrar um dia na pátria bem-aventurada. Não mereço o paraíso, mas o inferno, porque Vos hei ofendido tantas vezes pelos meus pecados; porém, a vossa morte me faz esperar de possuí-Lo um dia.
II. Totum est quod velis. No céu não somente nada há que desagrade, mas encontra-se tudo quanto se possa desejar. Ali tudo é novo e saciará os nossos desejos: Ecce nova facio omnia (2) — Eis que faço novas todas as coisas. Os olhos se deslumbrarão com a vida daquela cidade, cuja beleza é perfeita. Que maravilha não nos causaria a vista de uma cidade cujas ruas fossem calçadas de cristal, cujas casas fossem palácios de prata, ornados de cimalhas de ouro e de festões de flores! Oh, quanto mais bela ainda é a cidade celeste! Que delicioso não será ver todos os seus habitantes vestidos com pompa real, porque todos efetivamente são reis, como os chama Santo Agostinho: Quot cives, tot reges! Que será o ver a Maria, que aparecerá mais bela que todo o paraíso! Que será o ver o Cordeiro divino! Um dia Santa Teresa viu apenas uma mão de Cristo e ficou arrebatada em êxtase à vista de tão grande beleza.
Os perfumes suavíssimos e incomparáveis do paraíso regalarão o olfato. O ouvido será deleitado pelas harmonias celestes. Um anjo deixou um dia ouvir a São Francisco um único som da música celeste, e o Santo julgou morrer de contentamento. O que não será ouvir todos os santos e todos os anjos cantarem em coro os louvores de Deus? In saecula saeculorum laudabunt te (3) — “Eles te louvarão pelos séculos dos séculos”. O que não será ouvir Maria celebrar as glórias de Deus! A voz de Maria, diz São Francisco de Sales, é no céu o que é num bosque a do rouxinol, que vence a de todas as aves. Numa palavra, o paraíso é a reunião de todos os gozos que se podem desejar.
Ó meu Deus! Eu desejo e Vos peço o paraíso, não tanto para Vos gozar, como para Vos amar. Suplico-Vos, para glória de vossa misericórdia, fazei que os bem-aventurados vejam abrasado em vosso amor um pecador que tantas vezes Vos ofendeu. Tomo a resolução de ser d’aqui por diante todo vosso e de não pensar senão em Vos amar. — Assisti-me com a vossa luz e a vossa graça, que me dê força para executar esta resolução que Vós mesmo pela vossa bondade me inspirais. — Ó Maria, vós que sois a Mãe da perseverança, impetrai-me a fidelidade em minha promessa.
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 6-9)
segunda-feira, 10 de abril de 2023
A ressurreição dos corpos no Juízo universal
Haec dies quam fecit Dominus: exultemus et laetemur in ea – “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 117, 24)
Sumário. É um ponto da nossa fé que todos nós ressurgiremos; porém não todos de maneira igual, mas cada um segundo a vida que tiver levado em terra. Felizes de nós, se agora nos aplicarmos à mortificação do nosso corpo, a fim de guardá-lo submisso ao espírito. Retomá-lo-emos ressurgido segundo a medida da idade plena de Cristo e dotado de dons perfeitíssimos. Excederá o sol em claridade, na agilidade os ventos, e em sutileza e impassibilidade será igual aos anjos.
I. Porque o último fim do homem é a beatitude e esta não se pode gozar na vida presente, o Senhor dispôs que se possa obter na outra, onde será eterna. O homem porém, no dizer de Santo Tomás, não seria plenamente feliz, se a alma não se unisse ao corpo, porquanto, sendo o corpo parte natural da natureza humana, a alma dele separada seria apenas uma parte do homem e não o homem inteiro. Por isso é que no derradeiro dia haverá a ressurreição universal: Canet tuba, et mortui resurgent — “A trombeta soará, e os mortos ressuscitarão”.
Ao som da trombeta as almas formosas dos bem-aventurados descerão do céu, para se unirem a seus corpos, com os quais serviram a Deus. Ressuscitarão, como diz São Paulo, em estado de homem perfeito, segundo a medida da idade plena de Cristo (1). Além de serem dotados de sentidos perfeitíssimos, os quais terão cada qual a sua recompensa particular, serão ornados de quatro qualidades ou dotes.
Em primeiro lugar, os corpos dos bem-aventurados serão impassíveis; por isso não somente estarão livres da morte e da corrupção, mas também de qualquer lesão, de sorte que, se fossem enviados ao inferno, nenhuma pena poderiam padecer. — Em segundo lugar serão sutis, isto é, como que espiritualizados, de forma que a alma governará o corpo à maneira de espírito, porque este lhe obedecerá perfeitamente. — Em terceiro lugar os corpos dos bem-aventurados serão ágeis, podendo ser movidos e levados pela alma para qualquer parte, sem obstáculo, com máxima e quase imperceptível ligeireza. — O quarto dote finalmente será a claridade, em virtude da qual o corpo glorificado despedirá de si uma luz admirável, muito mais brilhante do que a do sol, mas sem deslumbrar a vista. — Se, além disso, alguém tiver dado a vida por Jesus Cristo, ou conservado intacta a açucena da pureza, ou pela pregação tiver sido para outros mestres da salvação, receberá a auréola de Mártir, de Virgem ou de Doutor. — Feliz daquele que, mortificando-se na vida presente, for digno de receber um dia em seu corpo todos esses dons, que agora nem sabemos avaliar devidamente!
II. Ecce mysterium vobis dico: omnes quidem resurgemus, sed non omnes immutabimur (2) — “Eis que vos digo um mistério: todos nós ressuscitaremos, mas nem todos seremos mudados”. Palavras terríveis, mas verdadeiras! Porquanto, como Jesus Cristo mesmo disse, posto que todos os que estiverem nos sepulcros tenham de ressuscitar ao ouvir a voz do Filho de Deus, todavia haverá entre eles grande diferença. Os que obraram o bem, sairão para a ressurreição da vida; mas os que obraram o mal, sairão ressuscitados para a condenação (3).
Minha alma, é certo que naquele dia tu também ressuscitarás; mas qual será a tua sorte?… achar-te-ás no número dos escolhidos ou dos réprobos?… Se queres estar entre os primeiros, é mister, como diz o Apóstolo, que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós andemos em novidade de vida (4). Esta ressurreição espiritual se deve manifestar na reforma de nossa conduta. — Por isso o espírito deve ocupar-se só com o pensamento da eternidade; os olhos só se devem abrir para as coisas celestiais; as mãos só devem servir para praticar o bem, e os nossos afetos devem seguir alegremente o caminho dos mandamentos divinos. Numa palavra, como diz o mesmo Apóstolo: Si consurrexistis cum Christo, quae sursum sunt, quaerite… quae sursum sunt sapite, non quae super terram (5) — “Se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são lá do alto… tende gosto pelas coisas que são lá do alto, não pelas que estão na terra”.
Meu amabilíssimo Jesus, creio na ressurreição da carne no último dia, porque Vós revelastes; e porque a creio, bem como as demais verdades que a Igreja me propõe para crer, quisera dar por ela o meu sangue e a minha vida. Ah, Senhor, pela vossa santa ressurreição, dai-me a graça de mortificar aqui na terra o meu corpo; fazei que viva casto e longe de todos os prazeres proibidos, a fim de ter um dia parte na ressurreição gloriosa dos escolhidos. Amo-Vos, Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas, de todo o coração. Pesa-me de Vos haver ofendido. Não permitais que Vos torne a ofender; fazei que Vos ame sempre, e depois, disponde de mim segundo o vosso agrado. † Doce Coração de Maria, sede minha salvação.
Referências:
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(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 3-6)