Em
Sua infinita misericórdia, Deus põe à disposição de Seus filhos,
para sua santificação, uma incomensurável quantidade de dons e
graças.
Elementos
da contrição
A
contrição – ou arrependimento – é a dor de alma que a pessoa
sente por haver pecado; essa dor só é verdadeira quando o pecador
detesta a má ação praticada e tem o propósito de não mais pecar.
Por exemplo, se um ladrão se diz arrependido de um roubo cometido,
mas não tem horror ao crime em si, nem faz o propósito de se
corrigir, não se pode afirmar que esteja contrito.
Para
ser autêntica, a contrição precisa ser interna, ou seja, provir de
fato da alma, não pode reduzir-se a meras palavras pronunciadas sem
reflexão.
Deve
também ser geral, isto é, abranger todos os pecados, ao
menos todos os pecados mortais. É necessário, por fim, que ela
seja sobrenatural, quer dizer, que tenha por base alguma
verdade da Fé: o temor de Deus que tem o direito de ser
obedecido, o amor de Deus que nos ama, o desejo do Céu, o medo do
inferno, etc.
Se
alguém assalta um banco e depois se arrepende porque está em risco
de ser preso, isso não é autêntica contrição, pois se
baseia em motivos meramente naturais.
Sua
essência: a vontade de afastar-se do pecado.
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A
graça do arrependimento está ao alcance de todos.
Para
obtê-la, basta manifestar a Deus com sinceridade de alma o
seu pesar por tê-Lo ofendido e o firme propósito de não tornar a
pecar.
“A
essência da contrição está na alma, na vontade de afastar-se
deveras do pecado e converter-se a Deus”,
afirma o Padre Johann von den Driesch.
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Contrição
perfeita e imperfeita
A
contrição de um pecador pode ser perfeita ou imperfeita, dependendo
dos motivos que o levem a tê-la.
A
contrição perfeita procede do amor: o pecador se arrepende
pelo fato de ter ofendido a Deus, infinitamente bom e digno de ser
amado sobre todas as coisas.
Imperfeita
é a contrição que decorre do temor: a pessoa aborrece o
pecado pelo medo de perder o Céu e ser lançada no inferno. Por
que é chamada de imperfeita? Porque nela o pecador toma em
consideração principalmente a si mesmo, e não a Deus.
Exemplos
de verdadeira contrição:
Vejamos
um belíssimo exemplo de contrição perfeita, tirado do Evangelho.
No
pátio da casa do sumo sacerdote Caifás, São Pedro negou três
vezes a Jesus. Em seguida, saiu e “chorou
amargamente” (Mt
26, 75).
Por
que chorou São Pedro? Se fosse pelo fato de passar vergonha diante
dos outros Apóstolos, seria uma dor meramente natural, não
existiria verdadeira contrição. Se fosse por medo de ser excluído
do Reino de Cristo, ele teria uma contrição autêntica, mas
imperfeita.
Ele
chorou, porém, por um motivo muito elevado, como diz o Padre von den
Driesch: “Pedro
arrepende- se e chora, antes de tudo, porque ofendeu a seu amado
Mestre, tão bom, tão santo, tão digno de ser amado […]. Tem,
pois, verdadeira e perfeita contrição”.
Os
Evangelhos nos narram mais um magnífico exemplo de contrição
perfeita: o da pecadora que se prostra aos pés de Jesus, banha-os
com suas lágrimas, enxuga-os com seus cabelos, beija-os e, por fim,
os unge com perfumes. E o Divino Mestre declara que “seus
numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela muito amou” (Lc
7, 47).
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Contrição
perfeita e confissão
Que
pela contrição perfeita o pecador obtém o perdão dos seus
pecados antes mesmo de confessar-se é doutrina afirmada no
Concílio de Trento (14ª sessão, cap. 4).
No
próprio ato de contrição perfeita deve estar incluído o propósito
de confessar-se logo que possível.
“Mas
é tão difícil ter contrição perfeita!” –
poderá
alguém pensar.
Puro
engano! Para dar-nos essa graça, Deus exige de nós uma atitude bem
ao nosso alcance: desejá-la realmente e pedi-la com
insistência.
O
Padre Johann von den Driesch sugere, entre outras, esta curta oração:
“Senhor,
dai-me a graça do perfeito arrependimento, da perfeita contrição
dos meus pecados”.
A
quem assim pede, com boa vontade e de coração sincero, Deus
não deixará de atender.
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Efeitos
da contrição perfeita
São
maravilhosos os efeitos e benefícios que a contrição perfeita nos
obtém.
A
quem é pecador, ela perdoa imediatamente os pecados
cometidos, devolvendo- lhe a graça santificante pela qual
ele volta a ser filho de Deus, livrando-o das penas do inferno e
restituindo- lhe os méritos perdidos.
Dir-se-á,
então, que a contrição perfeita beneficia apenas a quem cometeu
pecado mortal. Não é verdade, pois ela robustece o estado de graça
naqueles que não o perderam. Cada ato de contrição perfeita
aumenta o grau da graça santificante em nossa alma, tornando-a mais
formosa aos olhos de Deus! Eis aí, leitor, um imenso dom que Deus
deixou ao nosso alcance. Saibamos bem aproveitar esta dádiva
celeste, procurando fazer diariamente muitos atos de contrição
perfeita. Pois, além dos benefícios enumerados acima, quem se
habitua a fazê-los com frequência os repetirá, por assim dizer,
instintivamente na hora da morte.
Saibamos
aproveitar a imensa bondade do Criador que nos dá essa
misericordiosa oportunidade de nos apresentarmos diante d'Ele
inteiramente limpos de pecado!