quarta-feira, 30 de abril de 2014

15 Orações de Santa Brígida



Como já há multo tempo Ela (Santa Brígida) desejasse saber o número de golpes que Nosso Senhor rece­beu durante a Paixão, certo dia Ele lhe apa­receu, dizendo:
“Recebi em meu corpo 5.480 golpes. Se de­sejais honrar as chagas que eles me produ­ziram, mediante uma veneração particular, de­veis recitar quinze Pai - Nossos e quinze Ave - Marias, acrescentando as seguintes orações (que Ele lhe ensinou), durante um ano intei­ro; quando o ano terminar, tereis prestado homenagem a cada uma das minhas chagas". Ele acrescentou em seguida que quem recitar essas Orações durante um ano "conseguirá livrar do Purgatório quinze almas de sua famí­lia; quinze justos, também da sua linhagem, serão conservados em graça e quinze pecado­res da sua família serão convertidos.



Mesmo que alguém tivesse passado 30 anos em pecado mortal, logo que reza estas orações ou faz o propósito de rezá-las, o Senhor perdoar-lhe-á todos os seus pecados e defender-lhe-á contra todas as más tentações. Ele proteja seus 5 sentidos e o preserve de uma morte repentina e imprevista e a sua alma da condenação eterna. E tudo  que deseja de Deus e da SS Virgem ser-lhe-á concedido..... (esse parágrafo encontra-se depois das 15 orações, mas como faz parte da mesma promessa, o autor desse artigo achou que deveria colocá-la no inicio.)

A pessoa que as recitar será elevada ao mais eminente grau de perfeição e quinze dias an­tes de sua morte, eu lhe darei meu precioso corpo, para que ele seja livre da fome eterna; eu lhe darei também a beber o meu precioso Sangue, a fim de que não padeça sede eterna­mente; e quinze dias antes de sua morte, ela experimentará uma profunda contrição de to dos os seus pecados e um perfeito conheci­mento deles. Diante deles, eu colocarei o sinal de minha cruz vitoriosa como socorro e defe­sa contra os embustes de seus inimigos. Antes de sua morte, eu virei em companhia de minha muito cara e bem-amada Mãe, para receber benignamente a sua alma e conduzi-la às alegrias eternas; e, tendo-a levado até lá, eu lhe darei a beber um trago singular da fonte da minha Divindade, o que não farei, abso­lutamente, a outros que não hajam recitado as minhas Orações.
Aquele que disser essas Orações pode estar seguro de ser Associado no supremo coro dos Anjos e todo aquele que as ensinar a alguém, terá assegurado para sempre sua felicidade e seus méritos. Sim. eles serão estáveis e dura­rão perpetuamente.
No lugar onde se encontrarem e onde forem recitadas essas Orações, Deus ai estará tam­bém presente com a sua graça.

Todos esses privilégios foram prometidos à Santa Brígida por Nosso Senhor Crucificado, com a condição de que as citadas orações fos­sem recitadas diariamente. São, igualmente, prometidos a todos quantos as recitarem de­votamente, durante um ano inteiro.

Primeira Oraçào.

Pater.... Ave....

ò Jesus Cristo, doçura eterna para aqueles que vos amam, alegria que ultrapassa toda alegria e todo o desejo, esperança de salva­ção dos pecadores que declarastes não terdes maior contentamento do que estar entre os homens, até ao ponto de assumir a nossa na­tureza, na plenitude dos tempos, por amor deles, lembrai-vos dos sofrimentos, desde o primeiro instante de vossa Conceição e sobre­tudo durante a vossa Santa Paixão, assim co­mo havia sido decretado e estabelecido desde toda a eternidade na mente divina. Lembrai- vos, Senhor, que, celebrando a Ceia com os vossos discípulos, depois de lhes haverdes la­vado os pés, destes-lhes o vosso Sagrado Cor­po e precioso Sangue e consolando-os doce­mente lhes predissestes vossa Paixão iminente. Lembrai-vos da tristeza e da amargura , que experimentastes em vossa alma, como o testemunhastes, Vós mesmo, por estas pala­vras; "Minha alma está triste até à morte”. Lembrai-vos, Senhor, dos temores, angústias e dores que suportastes em vosso corpo deli­cado antes do suplício da cruz, quando, depois de ter rezado por três vezes, derramando um suor de sangue, fostes traído por Judas, vosso discípulo, preso pela nação que esco­lhestes, acusado por testemunhas falsas, in­justamente julgado por trés juizes, na flor da vossa juventude e no tempo solene da Páscoa. Lembrai-vos que fostos despojado das vossas proprias vestes e revestido das vestes de irrisão; que vos velaram os olhos e a fa­ce, que vos deram bofetadas, que vos coroa­ram de espinhos, que vos puseram uma cana na mão e que, atado a uma coluna, fostes des­pedaçado por golpes e acabrunhado de afron­tas e ultrajes. Em memória dessas penas e do­res que suportastes antes da vossa Paixão sobre a cruz, concedei-me, antes da morte, uma verdadeira contrição, a oportunidade de me confessar com pureza de intenção e sin­ceridade absoluta, uma adequada satisfação e a remissão de todos os meus pecados. As­sim seja.

Segunda Oraçào.

Pater.... Ave....

O Jesus, verdadeira liberdade dos Anjos, pa­raíso de delicias, lembrai-vos do peso acabru­nhador de tristeza que suportastes, quando vossos inimigos, quais leões furiosos, vos cer­caram, e por meio de mil Injúrias, escarros, bofetadas, arranhões e outros inauditos suplí­cios, vos atormentaram à porfia. Em conside­ração desses insultos e desses tormentos, eu vos suplico, Omeu Salvador, que vos digneis libertai-me dos meus inimigos visíveis e in­visíveis e fazer-me chegar, com o vosso auxi­lio, à perfeição da salvação eterna. Assim seja.

Terceira Oraçào.

Pater.... Ave....

O Jesus, Criador do Céu e da terra, a quem coisa alguma pode conter ou limitar, vós que tudo abarcais e tendes tudo sob o vosso poder, lembrai-vos da dor, repleta de amargura, que experimentaste quando os soldados, pregando na cruz vossas sagradas mãos e vossos pés tão delicados, transpassaram-nos com grandes e rombudos cravos e não vos encontrando no estado em que teriam dejado para dar largas à sua cólera, dilataram as vossas chagas, exacerbando assim as vos­sas dores. Depois, por uma crueldade inaudi­ta, vos estenderam sobre a cruz e vos viraram de todos os lados, deslocando, assim, os vos­sos membros. Eu vos conjuro, pela lembran­ça desta dor que suportastes na cruz com tan­ta santidade e mansidão, que vos digneis con­ceder-me o vosso temor e o vosso amor. As­sim seja.

Quarta Oraçào.

Pater.... Ave....

Ó Jesus. médico celeste, que fostes elevado na Cruz a fim de curar as nossas chagas por meio das vossas, lembrai-vos do abatimento em que vos encontrastes e das contusões que vos ínflingiram em vossos sagrados membros, dos quais nenhum permaneceu em seu lugar, de tal modo que dor alguma poderia ser comparada à vossa. Da planta dos pés até o alto da cabeça nenhuma parte do vosso cor­po esteve isenta de tormentos; e, entretanto, esquecido de vossos sofrimentos, não vos can­sastes de suplicar a vosso Pai pelos Inimigos que vos cercavam, dizendo-lhe: “Pai, perdoai- lhes, porque não sabem o que fazem”. Por esta grande misericórdia e em memória desta dor, fazei com que a lembrança de vos­sa Paixão. tão Impregnada de amargura, ope­re em mim uma perfeita contrição e a remis­são de todos os meus pecados. Assim seja.


Quinta Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, espelho do esplendor eterno, lembrai-vos da tristeza que sentistes, quando, con­templando à luz da vossa divindade a predestinação daqueles que deviam ser salvos pelos méritos de vossa santa Paixão, contem­plastes, ao mesmo tempo, a multidão dos ré­probos que deviam ser condenados por causa de seus pecados e lastimastes amargamente a sorte desses infelizes pecadores, perdidos e desesperados. Por este abismo de compaixão e de piedade e. principalmente, pela bondade que manifestastes ao bom ladrão, dizendo-lhe: “Hoje estarás comigo no Paraíso”, eu vos su­plico, ó doce Jesus, que na hora de minha morte, useis de misericórdia para comigo. Assim seja.


Sexta Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, Rei amável o todo desejável, lembrai vos da dor que experimentastes quando, nú e como um miserável, pregado e levantado na cruz, fostes abandonado por todos os vossos parentes e amigos, com exceção de vossa Mãe bem-amada, que permaneceu, em compa­nhia de São João, muito fielmente junto de vós na Agonia, lembrai-vos de que os entre­gastes um ao outro, dizendo: “Mulher, eis ai o teu filho!” e a João: "Eis ai a tua Mãe!” Eu vos suplico, ó meu Salvador, pela espada de dor que entào transpassou a alma de vossa santa Mãe, que tenhais compaixão de mim em todas as minhas angústias e tribulações, tanto corporais como espirituais e que vos digneis assistir-me nas provações que me so­brevierem, sobretudo na hora de minha morte. Assim seja.

Sétima Oraçào.
Pater.... Ave....
Ó Jesus, fonte inexaurível de piedade que, por uma profunda ternura de amor, dissestes so­bre a Cruz ' Tenho sede!", mas, sede da sal­vação do género humano. Eu vos suplico, ó meu Salvador, que vos digneis estimular o desejo que meu coração experimenta de ten­der a perfeição em todas as minhas obras e extinguir, por completo, em mim, a concu­piscência carnal e o ardor dos desejos mun­danos. Assim seja.


Oitava Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, doçura dos corações, suavidade dos espíritos, pelo amargo sabor do fel e do vi­nagre que provastes sobre a cruz por amor de todos nós, concedei-me a graça de receber dignamente vosso Corpo e vosso preciosíssi­mo Sangue durante minha vida e na hOra de minha morte, a fim de que sirvam de re­médio e de consolo para a minha alma. As­sim seja.


Nona Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, virtude real, alegria do espirito, lembrai-vos da dor que suportastes, quando, mergulhado na amargura ao sentir aproximar-se a morte, insultado e ultrajado pelos homens, julgastes haver sido abandonado por vosso Pai, dizendo-lhe: "Meu Deus, meu Deus, por que me ahandonastes?” Por essa angústia eu vos conjuro, ó meu Salvador, que não me abandoneis nas aflições e nas dores da mor te. Assim seja.


Décima Oraçào.

Pater.... Ave....

Ó Jesus, que sois em todas as coisas começo e fim, vida e virtude, lembrai-vos de que por nós fostes mergulhado num abismo de dores. da plantas dos pés até o alto da cabeça. Em consideração da extensão de vossas chagas, ensinai-me a guardar os vossos mandamen­tos, mediante uma sincera caridade, manda­mentos esses que são caminho espaçoso e agradável para aqueles que vos amam. As­sim seja.



Décima Primeira Oraçào.

Pater.... Ave....

Ó Jesus, profundíssimo abismo de misericór­dia, suplico-vos, em memória de vossas cha­gas que penetraram até a medula de vossos ossos e atimgiram até vossas entranhas, que vos digneis afastar essa pobre pecadora do lodaçal de ofensas em que está submersa, con­duzindo-a para longe do pecado. Suplico-vos também esconder-me de vossa Face irritada, ocultando-me dentro de vossas chagas até que vossa Justa indignação tenham passado. Assim seja.


Décima Segunda Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, espelho de verdade, sinal de unida­de, laço de caridade, lembrai-vos dos inume­ráveis ferimentos que recebestes, desde a ca­beça até os pés, ao ponto de ficardes dilacerado e coberto pela púrpura de vosso sangue adorável. Ó, quão grande e universal foi a dor que sofrestes em vossa carne virginal por nos­so amor! Dulcíssimo Jesus, que poderíeis fa­zer por nós que não o houvésseis feito? Eu vos conjuro, ó meu Salvador, que vos dig­neis imprimir com o vosso precioso Sangue, todas as vossas chagas no meu coração, a fim de que eu relembre, sem cessar, vossas dores e vosso amor. Que pela fiel lembrança de vossa Paixão, o fruto dos vossos sofrimentos seja renovado em minha alma e que vosso amor vá crescendo em mim cada dia mais, até que eu me encontre finalmente convosco, que sois o tesouro de todos os bens e a fon­te de todas as alegrias, ó dulcíssimo Jesus, concedei-me poder gozar de semelhante ven­tura na vida eterna. Assim seja.


Décima Terceira Oraçào.

Pater.... Ave....

ô Jesus, Fortissimo Leão, rei Imortal e Inven­cível, lembrai-vos da dor que vos acabrunhou quando sentistes esgotadas todas as vossas forças, tanto do coração como do corpo e in­clinastes a cabeça, dizendo: "Tudo está con­sumado!" Por esta angústia e por esta dor, eu vos su­plico, Senhor Jesus, que tenhais piedade de mim quando soar a minha última hora e mi­nha alma estiver amargurada e meu espírito cheio de aflição. Assim seja.

Décima Quarta Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, Filho Únioo do Pai, esplendor e ima­gem da sua substAncia, lembrai-vos da humil­de recomendação que lhes dirigistes, dizendo: "Meu Pai, em vossas mãos entrego o meu es­pirito!" Depois expirastes, estando vosso cor­po despedaçado, vosso coração transpassado e as entranhas de vossa misericórdia abertas para nos resgatar! Por essa preciosa morte, eu vos conjuro, Ó Rei dos Santos, que me deis força e me socorrais para resistir ao de­mônio, à carne e ao sangue, a fim de que, estando morta para o mundo, eu possa viver somente em Vós. Na hora de minha morte, recebei, eu vos peço, minha alma peregrina e exilada, que retoma para Vós. Assim seja.

Décima Quinta Oraçào.

Pater.... Ave....

ó Jesus, vide verdadeira e fecunda, lembrai- vos da abundante efusão de sangue que tão generosamente derramastes de vosso sagrado corpo, assim como a uva é triturada no lagar. Do vosao lado, aberto pela lança de um dos soldados, jorraram sangue e água, de tal mo­do que não retivestes uma gota sequer; e, en­fim, como um ramalhete de mirra, elevado na cruz, vossa carne delicada se aniquilou, fe­neceu o humor de vossas entranhas e secou a medula de vossos ossos. Por esta tão amar­ga Paixão e pela efusão de vosso precioso Sangue, eu vos suplico, ó bom Jesus, que re­cebais minha alma quando eu estiver na ago­nia. Assim seja.



Oração Final.

ó doce Jesus, vulnerai o meu coração a fim de que lágrimas de arrependimento, de compunção e de amor, noite e dia me sirvam de alimento; convertei-me inteiramente a vós; . que meu coração vos sirva de perpétua habitação; que minha conduta vos seja agradável e que o fim de minha vida seja de tal mo­do edificante que eu possa ser admitido no vosso paraíso, onde, com todos os vossos San­tos, hei de vos louvar para sempre. Assim seja.


SOBRE A RECITAÇÃO DAS ORAÇÕES.

PERGUNTA: ‘’ É NECESSÁRIO RECITÁ-LAS TODOS OS DIAS, SEM INTERRUPÇÃO ? ”
RESPOSTA: Faltar o menos possível, todavia, se por um motivo sério, nos vemos forçados a omiti-las, nem por isso ficamos privados dos privilégios que lhes são inerentes, desde que as recitemos 365 vezes no ano. Devemos recitá-las com devoção, esforçando-nos por penetrar no sentido das palavras que vamos pronunciando.


terça-feira, 29 de abril de 2014

A morte de Jesus é nossa vida

Reflexões sobre a morte de Jesus Cristo e a nossa
Santo Afonso Maria de Ligório

A morte de Jesus é nossa vida.


Escreve S. João que nosso Redentor, antes de expirar, inclinou a cabeça: “E tendo inclinado a cabeça, entregou seu espírito” (Jo. 19,30). Inclinou a cabeça para significar que aceitava a morte, com plena submissão, das mãos de seu Pai, a quem prestava humilde obediência. “Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até à morte, e morte de cruz” (Fl. 2,8). Jesus, estando na cruz com os pés e as mãos nela cravados, não tinha liberdade de mover outra parte do corpo além da cabeça. Diz S. Atanásio que a morte não ousava tirar a vida ao autor da vida e por isso foi preciso que ele mesmo, inclinando a cabeça (única parte que podia mover), chamasse a morte para que viesse tirar-lhe a vida (Qu. 6 Antioc.). Referindo-se a isso, diz S. Ambrósio que S. Mateus, falando da morte de Jesus, escreve: “Jesus, porém, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt. 27,50), para significar que Jesus não morreu por necessidade ou por violência dos carrascos, mas porque o quis espontaneamente, para salvar o homem da morte eterna a que ele estava condenado.

Isso já tinha sido predito pelo profeta Oséias: “Eu os livrarei das mãos da morte, eu os resgatarei da morte. Ó morte, eu serei a tua morte; ó inferno, eu serei a tua mordedura” (Os. 13,14). Os santos padres S. Jerônimo, S. Agostinho, S. Gregório e o próprio S. Paulo, como veremos brevemente, aplicam este texto literalmente a Jesus Cristo, que com sua morte nos livrou das mãos da morte, isto é, o inferno, onde se sofre uma morte eterna. No texto hebraico, como notam os intérpretes, em vez da palavra morte, está a palavra “sceol”, que significa inferno. Como se explica que Jesus Cristo foi a morte da morte? “Serei tua morte, ó morte!” Porque nosso Salvador com sua morte veio destruir a morte a nós devida pelo pecado. Por isso escreve o Apóstolo: “Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado” (1Cor. 15,54). O Cordeiro divino Jesus, com sua morte, destruiu o pecado, que era a causa da nossa morte, e esta foi a vitória de Jesus, pois que ele, morrendo, tirou do mundo o pecado e, conseqüentemente, nos livrou da morte eterna a que estava sujeito até então todo o gênero humano. A isso corresponde aquele outro texto do Apóstolo: “Para que pela morte destruísse aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio” (Hb. 2,14). Jesus destruiu o demônio, isto é, destruiu o poder do demônio, o qual em razão do pecado tinha o império da morte, a saber, tinha o poder de dar a morte temporal e eterna a todos os filhos de Adão, contaminados pelo pecado. E esta foi a vitória da cruz, na qual morrendo Jesus, que é o autor da vida, com a sua morte recuperou-nos a vida. Por isso canta a Igreja: “A vida suportou a morte e pela morte produziu a vida”. Isso tudo foi obra do amor divino, que como sacerdote sacrificou ao Eterno Pai a vida de seu Filho unigênito pela salvação dos homens. E assim canta igualmente a Igreja: “O amor, qual sacerdote, imola os membros do corpo sacrossanto”. S. Francisco de Sales exclamou: “Consideremos este divino Salvador estendido sobre a cruz, como sobre seu altar de amor, onde vai morrer por amor de nós. Ah, por que não nos lançamos também em espírito sobre a cruz, para morrer com ele, que quis morrer por amor de nós?” Sim, meu doce Redentor, eu abraço a vossa cruz e a ela abraçado quero viver e morrer, beijando sempre com amor vossos pés chagados e transpassados por mim.

FONTE: São Pio V

sábado, 26 de abril de 2014

Remédios para curar a impureza

1- De manhã e a noite pede a Mãe da Pureza , a santíssima Virgem, esta preciosa jóia , saudando-a para esse fim com 3 Ave Marias.

2- Logo que tiveres algum pensamento impuro, despreza-o imediatamente e dize a Maria: Virgem Santíssima , valei-me, assisti-me.

3- Aparta-te das más companhias, de bailes e galanteios; nem pelas capas hás de tocar em livros ou papéis desonestos, não olhes para pinturas , estampas ou outros objetos provocativos, e , sobre tudo ,guarda-te de fazer acenos ou ações escandalosas .

4- Veste com modéstia, come e bebe com temperança, não profiras palavras indecentes, não escutes nem acompanhes más conversas, e não dês liberdade a teus olhos.

5- Lembra-te que DEUS te vê, e que tem poder para tirar-te a vida aqui mesmo e lançar-te aos infernos, como aconteceu, entre outros a Onão, que morreu no ATO de cometer um pecado desonesto e SE CONDENOU.

6- Frequentar os Santos Sacramentos

Livro: O CAMINHO RETO 
(Santo Antônio Maria Claret)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

10 razões pelas quais os aparelhos móveis devem ser proibidos para crianças menores de 12 anos



Cris Rowan 
Terapeuta ocupacional pediátrica, bióloga, palestrante e escritora

A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Canadense de Pediatria afirmam que crianças de 0 a 2 anos não devem ter nenhuma exposição à tecnologia, crianças de 3 a 5 anos devem ser limitadas à uma hora de exposição por dia e crianças e adolescentes de 6 a 18 anos devem ser restritas a duas horas por dia (AAP 2001/13, CPS 2010). Crianças e jovens usam de quatro a cinco vezes a quantidade de tecnologia recomendada, provocando consequências graves e, em muitos casos, colocando suas vidas em risco (Fundação Kaiser 2010, Active Healthy Kids Canada 2012). Aparelhos eletrônicos móveis (telefones celulares, tablets, jogos eletrônicos) aumentaram muito o acesso e uso de tecnologia, especialmente por crianças muito pequenas (Common Sense Media, 2013). Como terapeuta ocupacional pediátrica, convoco pais, professores e governos a proibir o uso de todos os mobiles para crianças com menos de 12 anos. Seguem dez razões, todas apoiadas em pesquisas, para justificar essa proibição. Para ter acesso às pesquisas com referências, procure o Zone'in Fact Sheet no site zonein.ca.

1. Crescimento cerebral acelerado


Entre 0 e 2 anos de idade, o cérebro da criança triplica de tamanho, e ele continua em estado de desenvolvimento acelerado até os 21 anos de idade (Christakis 2011). O desenvolvimento cerebral infantil é determinado pelos estímulos do ambiente ou a ausência deles. Já foi comprovado que o estímulo a um cérebro em desenvolvimento causado por super exposição a tecnologias (celulares, internet, iPad, TV) é associado ao déficit de funcionamento executivo e atenção, atrasos cognitivos, prejuízo da aprendizagem, aumento da impulsividade e diminuição da capacidade de se autorregular, por exemplo, acessos de raiva (Small 2008, Pagini 2010).



2. Atraso no desenvolvimento


O uso de tecnologia restringe os movimentos, o que pode resultar em atraso no desenvolvimento. Hoje uma em cada três crianças ingressa na escola com atraso no desenvolvimento, o que provoca impacto negativo sobre a alfabetização e o aproveitamento escolar (HELP EDI Maps 2013). A movimentação reforça a capacidade de atenção e aprendizado (Ratey 2008). O uso de tecnologia por menores de 12 anos é prejudicial ao desenvolvimento e aprendizado infantis (Rowan 2010).



3. Obesidade epidêmica


Existe uma correlação entre o uso de televisão e videogames e o aumento da obesidade (Tremblay 2005). Crianças às quais se permite que usem um aparelho digital no quarto têm incidência 30% mais alta de obesidade (Feng 2011). Uma em cada quatro crianças canadenses e uma em cada três crianças americanas são obesas (Tremblay 2011). 30% das crianças com obesidade vão desenvolver diabetes, e os obesos correm risco maior de AVC e ataque cardíaco precoce, resultando em grave redução da expectativa de vida (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 2010). Em grande medida devido à obesidade, as crianças do século 21 talvez formem a primeira geração da qual muitos integrantes não terão vida mais longa que seus pais (Professor Andrew Prentice, BBC News 2002).



4. Privação de sono


60% dos pais não supervisionam o uso que seus filhos fazem de tecnologia, e 75% das crianças são autorizadas a usar tecnologia no quarto de dormir (Fundação Kaiser 2010). 75% das crianças de 9 e 10 anos têm déficit de sono em grau tão alto que suas notas escolares sofrem impacto negativo (Boston College 2012).



5. Doença mental 


O uso excessivo de tecnologia é um dos fatores responsáveis pelas incidências crescentes de depressão infantil, ansiedade, transtorno do apego, déficit de atenção, autismo, transtorno bipolar, psicose e comportamento infantil problemático (Bristol University 2010Mentzoni 2011Shin 2011Liberatore 2011, Robinson 2008). Uma em cada seis crianças canadenses tem uma doença mental diagnosticada, e muitas tomam medicação psicotrópica que apresenta riscos (Waddell 2007).



6. Agressividade 


Conteúdos de mídia violentos podem causar agressividade infantil (Anderson, 2007). A mídia de hoje expõe as crianças pequenas cada vez mais violência física e sexual. O game "Grand Theft Auto V" retrata sexo explícito, assassinato, estupros, tortura e mutilação; muitos filmes e programas de TV fazem o mesmo. Os EUA classificaram a violência na mídia como Risco à Saúde Pública, devido a seu impacto causal sobre a agressividade infantil (Huesmann 2007). A mídia informa o uso crescente de restrições físicas e salas de isolamento para crianças que exibem agressividade descontrolada.



7. Demência digital


O conteúdo de mídia que passa em alta velocidade pode contribuir para o déficit de atenção e também para a redução de concentração e memória, devido ao fato de o cérebro "podar" os caminhos neurais até o córtex frontal (Christakis 2004, Small 2008). Crianças que não conseguem prestar atenção não conseguem aprender.



8. Criação de dependência


À medida que os pais se apegam mais e mais à tecnologia, eles se desapegam de seus filhos. Na ausência de apego parental, as crianças podem apegar-se aos aparelhos digitais, e isso pode resultar em dependência (Rowan 2010). Uma em cada 11 crianças e jovens de 8 a 18 anos é viciada em tecnologia (Gentile 2009).



9. Emissão de radiação


Em maio de 2011 a Organização Mundial de Saúde classificou os telefones celulares (e outros aparelhos sem fios) como risco de categoria 2B (possivelmente carcinogênico), devido à emissão de radiação (OMS 2011). Em outubro de 2011, James McNamee, da Health Canada, lançou um aviso cautelar dizendo: "As crianças são mais sensíveis que os adultos a uma série de agentes, porque seus cérebros e sistemas imunológicos ainda estão em desenvolvimento." (Globe and Mail 2011). Em dezembro de 2013 o Dr. Anthony Miller, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Toronto, recomendou que, com base em pesquisas novas, a exposição a frequências de rádio seja reclassificada como risco de categoria 2A (provavelmente carcinogênico), não 2B (possivelmente carcinogênico). A Academia Americana de Pediatria pediu uma revisão das emissões de radiação de campo eletromagnético de aparelhos de tecnologia, citando três razões relativas ao impacto sobre as crianças (AAP 2013).



10. Insustentável


O modo em que as crianças são criadas e educadas com a tecnologia deixou de ser sustentável (Rowan 2010). As crianças são nosso futuro, mas não há futuro para crianças que fazem uso excessivo de tecnologia. É necessária e urgente uma abordagem de equipe para reduzir o uso de tecnologia pelas crianças.

Fonte:

terça-feira, 22 de abril de 2014

A Eucaristia, necessidade do nosso coração.



São Pedro Julião Eymard

"Porque está Jesus Cristo na Eucaristia? Tal pergunta, se pode ter muitas respostas, tem no entanto uma que a todas resume: Jesus Cristo está na Eucaristia porque noa ama e quer que nós o amemos. O Amor, eis a razão de ser da instituição da Eucaristia.

Sem ela, o Amor de Jesus Cristo seria apenas um Amor de Morte, passado, esquecido dentro em breve – e isso sem culpa de nossa parte. Só a Eucaristia satisfaz plenamente as leis e as exigências do amor. Jesus Cristo, dando-nos nela provas de Amor infinito, tem direito de ser nela amado.

Ora, o amor natural, tal qual Deus pôs nos corações, requer três coisas. A presença ou sociedade de vida, a comunhão de bens, a união perfeita.

I

A ausência é a aflição, o tormento da amizade. O afastamento diminui e, ao ser prolongado, dissipa a mais forte amizade. Estivesse Nosso Senhor ausente, afastado, o amor que lhe temos passaria, em virtude do efeito dissolvente dessa mesma ausência. É da essência, da natureza do amor humano reclamar, para viver, a presença do objeto amado.

Olhai para os pobres Apóstolos, enquanto Nosso Senhor jaz no túmulo, para os discípulos de Emaús, que confessam terem quase perdido a fé. Não gozam mais da presença do divino Mestre.
Ah! Não nos tivesse Nosso Senhor deixado outro legado de seu Amor senão Belém e o Calvário e quão depressa o teríamos esquecido! Que indiferença! O amor quer ver, ouvir, conversar, apalpar.

Nada substitui o ente querido, nem lembrança, nem dons, nem retratos; nada disso tem vida. E quão bem sabia Nosso Senhor que nada poderia tomar seu lugar, pois carecemos dele mesmo. Não nos basta então sua palavra? Não, já não vibra, já não ouvimos as tocantes expressões dos lábios do Salvador. E seu Evangelho? É um testamento. E o Sacramentos, não dão ele Vida? Só o autor da Vida poderia entretê-la em nós. E a Cruz? Ah! Sem Jesus quão triste é! E a esperança? Sem Jesus é uma agonia. Os protestantes têm tudo isso e quão frio e quão glacial é o protestantismo!

Poderá então Jesus reduzir-nos a um estado tão triste, qual o de viver e combater sozinhos? Ah! Sem Jesus, presente entre nós, seríamos por demais desgraçados. Exilados, sós no mundo, obrigados a privar-nos dos bens, das consolações terrestres, enquanto aos mundanos é dado satisfazerem todos os seus desejos, a vida se tornaria insuportável.

Mas com a Eucaristia! Com Jesus em nosso meio, quantas vezes sob o mesmo teto, dia e noite, a todos acessível, a todos esperando na sua morada sempre aberta; admitindo as crianças, chamando-as com acentuada predileção, a vida torna-se menos amarga. É o pai amoroso, rodeado dos filhos. É a vida de sociedade com Jesus.

E que sociedade, quanto nos engrandece e nos eleva! E quão fáceis são as relações de sociedade, de recurso ao Céu, a Jesus Cristo em pessoa! Convivência suave, simples, familiar e íntima, assim Ele a quis.

II

O amor quer comunhão de bens, quer tudo possuir em comum. Quer partilhar da felicidade e da infelicidade. É-lhe natural, instintivo dar, dar com alegria, com júbilo. E com que profusão, que prodigalidade concedera Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento, seus merecimentos, suas graças, sua própria glória! Que desvelo em dar, sem jamais recusar!

Dá-se a si mesmo, a todos e a todo momento, espalhando pelo mundo as Hóstias consagradas para que todos os seus filhos as recebam. No deserto, dos cinco pães multiplicados, sobraram doze cestas cheias, e todos deles participaram.

Jesus-Eucaristia quereria envolver o mundo na sua nuvem sacramental, fecundar os povos com essa água vivificante, que, depois de ter desalterado e reconfortado o último de seus eleitos, se perderá no oceano eterno. Ah! Jesus-Hóstia é nosso, todo nosso!

III

O amor tende essencialmente à união entre os amantes, à fusão de dois seres num só ser, de dois corações num só coração, de dois espíritos num só espírito, de duas almas numa só alma (...)

Jesus submete-se a essa lei de amor por Ele mesmo estabelecida. Depois de ter compartilhado do nosso estado e de nossa vida, dá-se-nos ele na comunhão, incorporando-nos a Ele.

União, cada vez mais perfeita e mais íntima, das almas, segundo a maior ou menor vivacidade dos desejos. "In me manet, et ego in eo". Permanecemos nele e Ele em nós. Fazemos um só com Ele, até consumir-se no Céu, na união eterna e gloriosa, a união inefável, começada na terra pela graça e aperfeiçoada pela Eucaristia.

O amor vive, pois, com Jesus presente no Santíssimo Sacramento do altar, compartilha de todos os bens de Jesus, une-se a Jesus e assim satisfazem-se as exigências de nosso coração, que mais não pode pedir".

FONTE: São Pio V

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Pérola Preciosa - 6.º Mistério

A PÉROLA PRECIOSA

Breves pensamentos sobre o Rosário meditado, para sacerdotes.
pelo
Padre Wendelin Meyer, O.F.M.
Tradução portuguesa por
Alberto Maria Kolb



6.º MISTÉRIO
O GETSÊMANI DO PADRE!

O discípulo não é mais que o Mestre; as horas amargas do Jardim das Oliveiras de Nosso Senhor Jesus Cristo estão preparadas também para o Alter Christus. O que as velhas e veneráveis oliveiras viram e ouviram, isto contem­plam — apesar de ser somente um fraco eixo, uma pequenina imagem ou cópia da crudelíssima noite do Jardim das Oliveiras— isto também contemplam e escutam os quartos solitários, o confessionário, os caminhos daqueles sacerdotes que tomam a sério a sua santa e sublime voca­ção!

O que nos anunciam as páginas dos Evan­gelistas tão singela e simplesmente, isto mesmo nos deixa lançar um olhar bem profundo na ver­dadeira vida sacerdotal. Na meditação do 1.º Mistério veremos o Getsêmani do sacerdote. Contemplaremos e aprofundaremos não só os sofrimentos e a oração do Mestre, mas tam­bém do discípulo.

O Mestre sofreu: ao ver o pecado; — prevendo as dores físicas; — abandonado; — orando; —confortado por um anjo.

  • Ao ver o pecado.

O olhar de Deus vê claramente; nada Lhe pode escapar ou fugir. Penetra até ao fundo dos mares e chega até à essência das coisas. Toda a hediondez de um pecado se desdobra diante d’Ele. E esta revoltante fealdade é somente a síntese da ingratidão, das faltas de fidelidade, de consciência e de amor. Quem jamais poderá perscrutar a profundidade desta palavra?
Santo Agostinho disto não foi capaz; ele escreveu simplesmente: «Peccatum est mysterium». Para Deus, porém, não há mistério; co­mo Ele é a própria clareza, assim Seus olhos perscrutam tudo.

E o Filho do Homem viu a profundeza do pecado; medo e pavor O assaltaram: «coepit pavere». (S. Marc. 14-33), «coepit contristari et moestus esse». (S. Math. 26-37). Como um fantasma olhou o pecado para Ele, sim, o pecado, este assassino das almas e mortal ini­migo de Deus. Jesus viu todo o mundo tomado e dominado pelo pecado; e então suspirava e sofria, pois Ele havia de carregar e expiar este enorme peso que é a multidão de todos os cri­mes do mundo. Isso pesava sobre Ele como o peso de um alto monte.

Sacerdotes que totalmente vivem segundo o espírito de sua vocação, assemelham-se ao Redentor. Eles penetram muita vez, juntamente com Jesus, até às negras profundezas da alma humana, aplicam seus olhares para entrar até o âmago do pecado. Neles, então, pouco a pouco cresce uma delicadeza juntamente com uma con­sciência puríssima para tudo que diz respeito ao pecado, mesmo o mais leve, tomando pro­porções de tal modo, que eles sofrem e sentem tudo que Jesus sofre e sente. Esta compaixão invade todo seu interior. — Cristo, o Cristo vertendo sangue, vive neles e eles n’Ele. Oh, como é sublime, como é divina e ao mesmo tempo cheia de vigor e força esta vida da alma, esta vida interior!

  • Prevendo as dores físicas.

É uma coisa enternecedora assistir a um espetáculo da Sagrada Paixão. A alma sente profundamente, quando se desenrolam na tribuna as cenas sangrentas, apresentadas com majestosa religiosidade, sentidas intimamente pelo re­presentante sem frivolidade nem hipocrisia. Co­mo, porém, saltaria o coração do espectador, como correria o sangue apressado pelas veias, se ele próprio houvesse assim de findar sua vida, se a representação se tornasse realidade... Isso já não seria mais espetáculo. Nestas condições se achava Jesus, pois Ele contemplou o primeiro drama da paixão. Cada circunstâncias Lhe saltava aos olhos: a grossura e o comprimento dos pregos, a pesada cruz, a flagelação, os longos espinhos; tudo Ele viu e também a Si mesmo no meio do povo. Tudo isso pesava-Lhe muito tremor e medo O assaltaram.

O sangue então brotava abundante de Seus poros. Oh, pobre Redentor meu, como tendes padecido!...

É esta também a minha sorte? Devo Vos imitar também nisso, sou Vosso representante também nestes sofrimentos?

Sim, também nisso. Porque queres tu fruir de uma vida cômoda, Meu filho? Por acaso salvam-se deste modo as almas imortais? A tua vida será sofrimento e dor, pois o amor assim o exige. E este amor te provocará a sacrificares e imolares as tuas forças em Meu serviço. «In labore et aerumna, in vigiliis multis, in fame et siti, in jejuniis multis, in frigore et nuditate; praeter illa, quae extrinsecus sunt, instantia mea quotidiana.» (2-Corinth. 11-27).

  • Abandonado. 

As dores no homem muita vez não suscitam compaixão. Esmolando passa a tristeza pelo mundo, a lágrima estampada nos olhos. Em súplica — ela levanta as mãos, roga e geme até comover o coração, mas muitos têm ouvidos e não ouvem, olhos e não vêem. Houve um dia em que esta mesma tristeza, esta mesma dor pas­sou pelo Jardim das Oliveiras, pelo Getsêmani personificada no Divino Redentor. Ele pro­curou consolo e não o achou, pois encontrou os Seus discípulos dormindo. Três vezes fez o mesmo caminho, três vezes voltou desolado e triste; es­tava abandonado. Até o céu parecia fechado. Ser completamente só, o Divino Mestre passou esta terrível hora.

Cenas deste gênero muitos sacerdotes tam­bém conhecem. O povo vê e presencia a sua vida de sacrifício sem entender nem ligar importância, paga até os seus esforços e trabalhos com ingratidões. Até o caminho para o altar, para a celebração da Santa Missa, o pode deixar árido, seco, sem consolação.

Parece nestes momentos que Jesus retém: junto de Si a chave do tabernáculo para impedir ao sacerdote usufruir seu tão precioso conteúdo. Os bons e dedicados amigos também se retiram, os parentes estão longe ou já morreram, e o sa­cerdote está só, sem ninguém. Tudo isso ele sabe suportar, mas apesar disso o sente e sente íntima e profundamente.

Isso são cópias do primeiro quadro daquela noite negra que Jesus passou no Jardim de Getsêmani, e tudo isso redunda abundantemente em bem e bênção da Santa Madre Igreja.

  • Orando.

A oração foi para Jesus como um ar refrescante, foi para Sua alma atribulada um verdadeiro bálsamo; a oração Lhe concedeu grandes forças. «Abba, Pai, a vós tudo é possível, afastai de mim este cálice; não seja feita a minha vontade, mas a vossa». (S. Marc. 14-36).

Jesus pediu para ser afastado esse cálice de amargura.

O Seu pedido foi um grito íntimo de um coração angustiado e atribulado. Jesus procurou as consolações do céu; a Sua filial confiança e Seu entretimento com o Pai Celeste Lhe orvalhou Seu interior.

Isso sabia bem o Homem-Deus; por isso levantou Seu espírito a Deus.

O mesmo devemos fazer nós. As horas de amargura devemos converter em horas de oração; então o jugo do Sacerdócio far-se-á doce e Seu peso leve.

Quem sabe orar, sabe também sofrer, sabe suportar.

Passemos nesses transes angustiosos pela nossa memória e pelo nosso espírito os admiráveis salmos e cantos da Paixão. Nestes hinos está tão admiravelmente estampada a vida do sofrimento!...

O breviário educa o sacerdote para sofrer orando e orar sofrendo.

  • Confortado por um anjo.

O céu teve o néctar confortador: Deus enviou um anjo para consolar a Jesus. Este enviado do céu mostrou a Jesus as torrentes de bênçãos que brotariam dos Seus sofrimentos, mostrou-Lhe o trabalho dos segadores nas messes fertilíssimas da humanidade, a conversão dos povos e das nações, a origem e o incremento da Igreja de Deus, espalhada em todo o orbe terrestre, as excelências de Sua santa humanidade, gloriosa eternamente nos céus. Propter hoc laetatum est cor meum et exultavit lingua mea, insuper et caro mea requiescet in spe.» (Ps. 15-9)

Sigamos o ensinamento que vem do alto! Nosso olhar deve convergir para os abundantes frutos que amadurecem por entre o fogo do sofrimento, que frutificam na fornalha da amargura da dor.

Desvasiemos o âmago do cálice e bebamos o seu conteúdo de um só trago, na lembrança de Jesus Crucificado. A coroa celeste, os diamantes dos nossos méritos, a fileira das almas imortais salvas por nós e nossos trabalhos, luzirão como estrelas fulgurantes ao redor da alma sofredora e amargurada.

«Exurge gloria meã exurge psalterium et cithara».

Fonte:

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